domingo, 2 de dezembro de 2007

A escola e suas práticas de leitura



O professor, que conhece como se dá o processamento cognitivo e psicológico da leitura, possui mais artifícios na prática pedagógica, permanecendo sempre alerta sobre as práticas que inibem o desenvolvimento do aluno e os obstáculos da leitura, criando estratégias adequadas e eficazes, que possibilitem ao leitor o processamento e a compreensão do texto.

Práticas de leitura que não se limitam à decodificação, atividade comunicativa e que proporcione contextos para o leitor recorrer são utilizadas. O professor valoriza o conhecimento prévio de cada aluno, fazendo com que este utilize sempre os conhecimentos gramaticais já internalizados na sua memória, que armazena diversas informações úteis para a leitura.

Do ponto de vista cognitivo a leitura é um jogo de adivinhações. Durante a leitura, muito material é deduzido, inferido ou adivinhado. O profissional, que tem essas informações, não investirá em estratégias que supervalorizam a oralidade, pois estas inibem o processo de adivinhação.

Quando o aluno, ao ler um texto, substitui uma palavra por outra é sinal que ele está compreendendo o sentido do texto, está atento para o significado e não apenas à forma e o código.

A leitura com os olhos é mais rápida que com a voz, então é o leitor quem controla a compreensão, porque ele lê e relê quando não entende um significado.

A leitura se dá através familiarização com as palavras e identificação com suas formas.

O professor de posse dessas informações investe na leitura silenciosa, sabe que esta atinge com mais precisão e rapidez os objetivos do leitor, valorizando a preservação do significado.

Entendendo que a leitura é individual o educador ajuda o aluno através do diálogo, perguntas e conversas pretendendo incentivar a compreensão e o sentido do texto.

Existem dificuldades reais e até naturais no momento da aprendizagem da criança, mas há também as dificuldades artificiais que são conseqüências da péssima redação dos livros didáticos. Muitos livros possuem grandes dificultadores do processo de compreensão da leitura, como a má estruturação de frases, estruturas sintáticas complexas, alguns tipos de inversões da ordem canônica, ambigüidade de palavras. Estes elementos tornam o processo mais complexo.

Cabe ao professor e à escola, estarem atentos para resolver estes problemas e ajudar no processo de ensino da leitura, escolhendo textos bem redigidos que sejam lidos e compreendidos.

O professor que conhece o processo cognitivo muda o foco do ensino da leitura da escrita para o ato de ler, compreendendo o que se lê.

A escola precisa perceber que a escrita transpôs os livros didáticos, ela está presente em nosso dia a todo instante. Esse mundo de letras que convivemos diariamente é chamado de escrita social. Ela tem várias funções, proporcionando-nos leituras diversificadas.

Nos tempos atuais é preciso que a escola crie várias estratégias para adequar o leitor a cada uma das situações sociais, tornando a flexibilidade de ler uma característica do leitor moderno. Essas estratégias devem atender a variedade de objetivos do leitor de acordo com suas intencionalidades, atento à evolução das modalidades de leitura.

O educador deve incluir em seu planejamento, atividades voltadas para leitura em situações onde a aprendizagem é fundamental, como as leituras necessárias no cotidiano.

Há várias interpretações para um mesmo texto, é preciso respeitar as leituras que cada um faz. Cada leitor constróe sua própria compreensão e a faz utilizando seus conhecimentos prévios sobre o assunto e o seu interesse pelo mesmo, mobilizando dispositivos eficazes, adaptando-os às suas intenções.

O professor e a escola da atualidade devem ser tolerantes com os erros, para facilitar a formação do leitor. Errar é condição para aprender e para aprender a ler. Devem incentivar seus alunos a não pararem diante de um erro, ou de uma palavra desconhecida, mas buscarem adivinhar o sentido, analisando o contexto e continuando a ler o texto. É assim que uma criança aprende a ler.

É lendo que se aprende a ler. A leitura é uma atividade pessoal e secreta. O professor não deve ensinar a ler, porque ler é uma prática. É através da experiência, que a criança vai desenvolvendo as estratégias básicas para o ato da leitura.

As concepções de leitura sobre o texto utilizadas na atual prática escolar precisam ser repensadas. O texto precisa ser usado não apenas para vincular atividades gramaticais, mas como material que faça sentido.

A leitura não pode ser apenas decodificada, o aluno precisa compreender o que lê, entendendo o sentido total do texto.

O processo de avaliação através da leitura inibe a formação do leitor, uma vez que se prende à oralidade e à pronúncia e não à compreensão do texto que é lido.

A escola deve desvincular o processo de leitura do texto em si. O professor precisa ser o mediador entre o aluno e a leitura, adotando-a como um ato flexível, múltiplo, diverso, onde cabem várias interpretações, que vão variar de acordo com conhecimento de quem lê e sua intenção de leitura. Neste processo, o aluno fica livre à interpretação, a errar na tentativa de acertar, entendendo o que lê, deixando de lado a oralização e preocupando-se com a compreensão.

Bibliografia
* BARBOSA, José Juvêncio, Alfabetização e leitura.2 ed.São Paulo: Cortez,1992

* KLEIMAN,Ângela.Oficina de Leitura: Teoria e prática, Campinas, SP:Pontes:Editora da Universidade Estadual de Campinas,1993.

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