quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

As variadas formas de ler












ANÁLISE DO TEXTO: AS VARIADAS FORMAS DE LER
AUTORA: MÁRCIA ABREU


Tema do texto: ao longo dos séculos, a diversidade.

A autora salienta alguns tópicos que parecem relevantes para a compreensão das diferentes formas de ler, buscando evidenciar de que maneira os diferentes suportes de textos possibilitam ou impõem limites à literatura.

Até o século XVII, um escritor poderia atribuir os mais variados sentidos à sua atividade, uma obra seria um tanto melhor quanto mais se aproximasse de um modelo consagrado. Apenas a partir do século XIX, os autores passaram a postular a originalidade como traço central de seu trabalho.

Por muito tempo, ler significou pronunciar em voz alta, para si ou para o grupo as palavras de que se compõe um texto. Ciente disto, o autor compunha seu discurso levando em conta os limites da recepção oral. A leitura era parte de um conjunto de práticas culturais que passavam pelo livro, e este, mesmo que não tratasse de tema religioso era muitas vezes sacralizado.

As formas de ler e avaliar os textos varia se se considerarem diferentes classes sociais, regiões, etnias, etc. Tomou como exemplo a literatura de folhetos nordestina. Buscou mostrar que a leitura é presidida pelo signo da diversidade. Alterando o lugar da observação para visar às práticas de leitura escolares, em que considera que, aí se passa da diversidade à uniformidade de textos e modos de ler.

Fala que por detrás do rótulo literatura, está um trabalho de seleção de exclusão de textos, que é feito pelos críticos cuja legitimação e consagração atuam fortemente em sua capacidade de legitimar e consagrar uma obra, em que o espanto causado pelo fato de intelectuais de renome terem considerado não literárias ou mal realizadas, obras, hoje consagradas. A avaliação que se faz de um texto depende muito de critérios exteriores à obra, como o parentesco com uma tradição reconhecida, a posição do autor no campo literário, a imagem feita pela crítica literária do que seja literatura e do que seja um autor em cada época, mercado editorial, convenções éticas e morais. Parece claro que não foram as obras que mudaram e sim os critérios de avaliação que são também históricos.

No entanto, é prática relativamente comum adaptar clássicos da literatura universal para os folhetos, promovendo alterações lexicais, formais, reordenando o enredo, como no exemplo dado do folheto da história de Romeu e Julieta por Athayde em 1995, adequando-a à poética nordestina, emitindo também juízos acerca da obra, uma vez que a trama shakespeariana não apresenta os comportamentos esperados, a história parece mal construída e não agrada ao poeta: “escrevi mas não gosto/do romance do Romeu”.

Atualmente, a História já incorpora ao seu discurso temas como história de vida de homens comuns, história do cotidiano, história de vencidos. Segundo Abreu, esse passo ainda não foi dado pela historiografia e crítica literárias, que continuam excluindo os diferentes e apresentando os autores da chamada literatura erudita como seres superiores, de maior valor e importância.

Entretanto, caso decidamos que o mundo deve ser mantido como está, deveremos estar alertas para algumas conseqüências da adoção de critérios e escolhas feitos por uma elite quando tomados como universais, ou seja, como não históricos e não marcados culturalmente. Sendo assim, podemos preferir que o mundo fosse diferente, tornando-o um lugar mais justo e mais feliz.

Podemos começar a pensar que as leituras são diferentes e não piores ou melhores; e deixar de acreditar que o crítico literário tem maior capacidade para estabelecer a leitura correta de um determinado texto, que sua leitura é a única autorizada. Dessa forma, propõe que a escola, a universidade e a crítica literária garantam espaço para a diversidade de textos e de leituras que garanta espaço para o outro. E isso implica garantir o respeito ao outro, o direito à diferença, não só do ponto de vista étnico, religioso ou político, mas também do ponto de vista do gosto estético.

Um comentário:

Anônimo disse...

valeu,me ajudou muito