quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

AULAS DE LITERATURA - NFVIIA - PROFA.: PATRÍCIA NERY

AULA DO DIA 20/08/2007

A professora Patrícia Nery coloca para a turma:

- O texto de Ivete Walty _ o que é literatura para ela:
Corpo vivo, pulsante
Arte da palavra
_ Arte é sinônimo de ficção, criação, espaço de dinamização da palavra sempre renovada.
_ O que caracteriza o texto dado como literária é justamente sua polissemia, suas lacunas a serem preenchidas pelo leitor.
_ A literatura é uma das produções sociais onde o imaginário tem espaço de circulação garantido. E é lá que, ao lado das regras, encontra-se a possibilidade de transgressão rumo à utopia.
_ Literatura e escola são duas instituições e é como tal que também estão em constante interação.
_A literatura contribui para a formação ética e humana.
_ Quando a escola direciona a leitura colocando objetivos deturpa o gosto pela leitura.

Dica para deter o medo da criança de bicho-papão, lobo-mau: se fazer de herói e pegar um objeto com uma vassoura e dizer e gesticular que vai pegar o bicho e matar.

Indicação de livros e autores:
Jose Paulo Paes
Bartolomeu Queiroz
Guia teórico da alfabetização de Lya

AULA DO DIA 27/08/2007
Sobre o texto: A escolarização da literatura infantil e juvenil de Magda Soares
Apropriação pela escola, da literatura infantil
Produção literária para a escola
A partir de meados dos anos 70, o livro infantil se tornou uma leitura que mais do que simples divertimento é fecundo instrumento de formação humana, ética, estética, política, etc. ( Nely Coelho)
As questões em torno do termo escolarização
_Instâncias de escolarização da literatura infantil
· A biblioteca escolar
· O estudo de livros de literatura
· A leitura e o estudo de textos
Leitura pela professora Patrícia do Diário do Lobo _ A verdadeira história dos três porquinhos.
· Tratamento que é dado à poesia. ( pg. 27)
Dica: simplesmente ler os poemas na sala e perguntar quem quer levar o livro para casa.
· A seleção de gêneros, autores e obras
Predominância de textos narrativos e poemas (ficam fora o teatro infantil, o gênero epistolar (cartas), a biografia ,as memórias, o diário.
_ Seleção de autores e textos :
“( ...)forma o conceito de que literatura são certos autores e certos textos (...) quando talvez o que se devesse pretender seria não o conhecimento de certos autores e obras, mas a compreensão do literário e o gosto pela leitura”. Pg.29
· Ausência de referênica bibliográfica e de informações sobre o autor
· A seleção de fragmento que constitua a obra: fabricação de pseudotextos pra ensinar sobre a língua. Pg. 30.
· Conceito falso de texto de leitura
· Fragmento de texto da literatura infantil. –pg.32
· A transferência do texto de seu suporte para a página do livro didático que fere a literariedade do texto. - pg. 38
· Alteração do gênero textual. - pg. 42
· Estudos de texto. - pg.45

AULA DO DIA 03/09/2007

Continuação do assunto anterior_ O que é arte na literatura – pg.45
· Forma adequada e inadequada de escolarizar a literatura
· Aonde acontece o desenvolvimento pelo gosto da leitura
· É necessário o gosto pela leitura
· A escola transforma a leitura num hábito é sua camisa de força
· O que importa é a trajetória particular e não o meio
· O gosto pela leitura não se desenvolve só na infância, não tem tempo, nem idade
Pensar a literatura como unidade temática, a forma como trabalhar isso num senso de estética, criticidade, criatividade.
Quebrar o que está constituído na escola.


AULA DO DIA 05/11/2007

_ Leitura de uma história pela aluna Flávia
Discussão dos textos da Ângela Kleiman e Juvêncio Barbosa
Como aprender a ler
Leitura visual
O que ajuda é a discussão
A fragmentação da leitura dificulta a alfabetização
A leitura oral sonorizada
Os conhecimentos prévios
Estratégias de leitura
A escola prioriza a oral em detrimento da silenciosa, no entanto, a literatura de cordel e a poesia deve ser feita oralmente
A escola fica presa à forma e não recupera o sentido.

AULA DO DIA 29/10/2007

Apresentação dos trabalhos : Bonequinha preta e Chapeuzinho Vermelho.
Discussões apontadas:
· “ Não gostar de ler é um direito”?
· É possível formar um sujeito apaixonado por ler?

História da Literatura Infantil




A BONEQUINHA PRETA DE ALAÍDE LISBOA DE OLIVEIRA

Biografia da autora: Alaíde Lisboa de Oliveira, mineira de Lambari, nasceu em 22 de abril de 1904. Exerceu carreira política, acadêmica e artística.

Como escritora, publicou cerca de 30 livros, entre ensaios da área de educação, didáticos, e literários. É autora também do clássico “ O Bonequinho Doce”, entre outros títulos infanto-juvenis que receberam premiações e reconhecimento de várias gerações de leitores.

Foi membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, da Academia Feminina Mineira de Letras e da Academia Mineira de Letras.

Além disso, foi a primeira vereadora de Belo Horizonte entre 1949 e 1952. Faleceu em 4 de novembro de 2006, após completar 102 anos de idade.


Resumo da obra: O livro conta a história da Bonequinha Preta, tão bonita que tem duas trancinhas, tem boca vermelha e os olhos bem redondos.

A Bonequinha Preta é de Mariazinha. O livro mostra todas as peripécias dessa linda bonequinha e coloca questões como o amor, a obediência e o respeito.

Análise dos elementos históricos e literários: O livro “A Bonequinha Preta” é considerado um clássico da literatura infantil. Foi escrito na década de 1930. Nessa época, ocorreu a Revolução de 1930 no Brasil, que representou a queda da República Oligárquica. Em 1934 foi promulgada nova Constituição, caracterizada pelas leis trabalhistas (salário mínimo, jornada de 8 horas de trabalho), garantia do voto secreto, direto e voto às mulheres. Época governada por Getúlio Vargas, a chamada “era Vargas”. Em 1937 foi instaurado o Estado Novo, período ditatorial de Vargas.

Apesar de ter sido escrito nessa época, a obra aborda questões atuais e problemas universais tais como: racismo, preconceito, obediência, respeito ao próximo, amor e egoísmo.

Através da obra, é possível trabalhar questões da Geografia, pois o livro aponta conceitos como o bairro onde a Bonequinha Preta e Mariazinha moravam, além de outros conceitos como rua, parque, ponte, entre outros.


Referência: OLIVEIRA, Alaíde Lisboa de. A Bonequinha Preta. 23ed. Rio de Janeiro: Editora Lê ,1998.

Conhecendo novas práticas de Leitura e Escrita














CONHECENDO NOVAS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA
AUTORA: MARIA TERESA DE ASSUNÇÃO FREITAS


A autora pretende narrar o resultado de uma experiência de sua pesquisa “Práticas socioculturais de leitura e escrita de crianças e adolescentes”, cuja proposta era conhecer e compreender práticas socioculturais de leituras e escritas de crianças e adolescentes de diferentes inserções culturais, em que usou a entrevista como um espaço de produção de linguagem, mas não individuais, mas sim por encontrar-se em pequenos grupos. E nesse encontro, queria surpreender no discurso a heterogeneidade, a diversidade de experiências, o embate de pontos de vista divergentes.

Verificou que seus interesses, aversões, atividades me falavam de um mundo em transformação, de uma cultura produzida pelas novas tecnologias que vêm alterando o cotidiano e o modo de vida das pessoas. Constatou que as formas de leitura e de escrita estão sofrendo no momento atual uma mudança profunda, haja vista o surgimento de uma nova modalidade de apropriação do texto, sendo eles, o manuscrito o impresso e o eletrônico.

Para os adolescentes que entrevistou, o uso da internet não consiste apenas numa busca de informação, numa leitura simples do que aparece na tela, mas mais do que isso, é importante a troca de idéias, o bate-papo virtual que os faz discutir com diferentes pessoas os temas de sua preferência. Questiona sobre quais seriam os efeitos que essa nova forma de escrita pode trazer para os seus usuários e como o seu uso poderá se incorporar ao seu estilo de escrever, dentre outros. Por meio de uma citação, afirma que a linguagem da internet é híbrida, cuja forma de expressão é predominantemente escrita, e que a língua mãe é o inglês e nós, brasileiros não parecemos ter nenhum problema em admitir isso.

Dessa maneira, questiona se estaremos nós nos posicionando diante do emprego indiscriminado desta língua que não tem fronteiras neste mundo globalizado. Pois seu uso foi constatado não só em relação ao que lêem e escrevem na internet, mas também em outras atividades, como no jogo de RPG e a forma significativa com que interagem com a língua estrangeira, de uma maneira funcional, concreta, torna a aprendizagem mais eficaz.

No decorrer dos encontros de sua pesquisa, foram reveladas outras formas de leitura e escrita, produtos do novo contexto social, que através do discurso dos adolescentes, mostram a realidade de suas práticas de leitura e escrita, e permitem uma reflexão sobre outro papel possível da escola na construção do leitor/ escritor.

As variadas formas de ler












ANÁLISE DO TEXTO: AS VARIADAS FORMAS DE LER
AUTORA: MÁRCIA ABREU


Tema do texto: ao longo dos séculos, a diversidade.

A autora salienta alguns tópicos que parecem relevantes para a compreensão das diferentes formas de ler, buscando evidenciar de que maneira os diferentes suportes de textos possibilitam ou impõem limites à literatura.

Até o século XVII, um escritor poderia atribuir os mais variados sentidos à sua atividade, uma obra seria um tanto melhor quanto mais se aproximasse de um modelo consagrado. Apenas a partir do século XIX, os autores passaram a postular a originalidade como traço central de seu trabalho.

Por muito tempo, ler significou pronunciar em voz alta, para si ou para o grupo as palavras de que se compõe um texto. Ciente disto, o autor compunha seu discurso levando em conta os limites da recepção oral. A leitura era parte de um conjunto de práticas culturais que passavam pelo livro, e este, mesmo que não tratasse de tema religioso era muitas vezes sacralizado.

As formas de ler e avaliar os textos varia se se considerarem diferentes classes sociais, regiões, etnias, etc. Tomou como exemplo a literatura de folhetos nordestina. Buscou mostrar que a leitura é presidida pelo signo da diversidade. Alterando o lugar da observação para visar às práticas de leitura escolares, em que considera que, aí se passa da diversidade à uniformidade de textos e modos de ler.

Fala que por detrás do rótulo literatura, está um trabalho de seleção de exclusão de textos, que é feito pelos críticos cuja legitimação e consagração atuam fortemente em sua capacidade de legitimar e consagrar uma obra, em que o espanto causado pelo fato de intelectuais de renome terem considerado não literárias ou mal realizadas, obras, hoje consagradas. A avaliação que se faz de um texto depende muito de critérios exteriores à obra, como o parentesco com uma tradição reconhecida, a posição do autor no campo literário, a imagem feita pela crítica literária do que seja literatura e do que seja um autor em cada época, mercado editorial, convenções éticas e morais. Parece claro que não foram as obras que mudaram e sim os critérios de avaliação que são também históricos.

No entanto, é prática relativamente comum adaptar clássicos da literatura universal para os folhetos, promovendo alterações lexicais, formais, reordenando o enredo, como no exemplo dado do folheto da história de Romeu e Julieta por Athayde em 1995, adequando-a à poética nordestina, emitindo também juízos acerca da obra, uma vez que a trama shakespeariana não apresenta os comportamentos esperados, a história parece mal construída e não agrada ao poeta: “escrevi mas não gosto/do romance do Romeu”.

Atualmente, a História já incorpora ao seu discurso temas como história de vida de homens comuns, história do cotidiano, história de vencidos. Segundo Abreu, esse passo ainda não foi dado pela historiografia e crítica literárias, que continuam excluindo os diferentes e apresentando os autores da chamada literatura erudita como seres superiores, de maior valor e importância.

Entretanto, caso decidamos que o mundo deve ser mantido como está, deveremos estar alertas para algumas conseqüências da adoção de critérios e escolhas feitos por uma elite quando tomados como universais, ou seja, como não históricos e não marcados culturalmente. Sendo assim, podemos preferir que o mundo fosse diferente, tornando-o um lugar mais justo e mais feliz.

Podemos começar a pensar que as leituras são diferentes e não piores ou melhores; e deixar de acreditar que o crítico literário tem maior capacidade para estabelecer a leitura correta de um determinado texto, que sua leitura é a única autorizada. Dessa forma, propõe que a escola, a universidade e a crítica literária garantam espaço para a diversidade de textos e de leituras que garanta espaço para o outro. E isso implica garantir o respeito ao outro, o direito à diferença, não só do ponto de vista étnico, religioso ou político, mas também do ponto de vista do gosto estético.

domingo, 2 de dezembro de 2007

CONCLUSÃO













As aulas de Português, com ênfase na Literatura, foram de grande utilidade para a nossa formação profissional.

Detalhes a respeito da utilização da Literatura, que passavam desapercebidos por nós, foram ressaltados e analisados.

Nossa compreensão da importância da observação das práticas pedagógicas, que afastam os educandos do prazer de ler, faz grande diferença na nossa maneira de pensar atualmente.

Depois deste curso, dos textos estudados, sentimo-nos capazes de elaborar possibilidades de utilização da literatura de forma a aproximá-la das crianças, despertando a curiosidade e a possível apreciação pela leitura.

Hora do Conto, Hora da História




Esta foi uma atividade proposta pelos professores da aula integrada Português e Geo./Hist..

Nesta atividade, a turma foi dividida em grupos. Cada grupo escolheu uma história para ser estudada.

A origem da história, seu autor, a “versão original” e o contexto histórico e geográfico da sociedade na qual o autor estava inserido quando a escreveu foram pesquisados.

Os grupos apresentaram todos esses elementos e as diferenças entre várias versões.

Foi um trabalho maravilhoso, com resultados surpreendentes!



Fica aqui a sugestão para quem se interessar! ;)

A escola e suas práticas de leitura



O professor, que conhece como se dá o processamento cognitivo e psicológico da leitura, possui mais artifícios na prática pedagógica, permanecendo sempre alerta sobre as práticas que inibem o desenvolvimento do aluno e os obstáculos da leitura, criando estratégias adequadas e eficazes, que possibilitem ao leitor o processamento e a compreensão do texto.

Práticas de leitura que não se limitam à decodificação, atividade comunicativa e que proporcione contextos para o leitor recorrer são utilizadas. O professor valoriza o conhecimento prévio de cada aluno, fazendo com que este utilize sempre os conhecimentos gramaticais já internalizados na sua memória, que armazena diversas informações úteis para a leitura.

Do ponto de vista cognitivo a leitura é um jogo de adivinhações. Durante a leitura, muito material é deduzido, inferido ou adivinhado. O profissional, que tem essas informações, não investirá em estratégias que supervalorizam a oralidade, pois estas inibem o processo de adivinhação.

Quando o aluno, ao ler um texto, substitui uma palavra por outra é sinal que ele está compreendendo o sentido do texto, está atento para o significado e não apenas à forma e o código.

A leitura com os olhos é mais rápida que com a voz, então é o leitor quem controla a compreensão, porque ele lê e relê quando não entende um significado.

A leitura se dá através familiarização com as palavras e identificação com suas formas.

O professor de posse dessas informações investe na leitura silenciosa, sabe que esta atinge com mais precisão e rapidez os objetivos do leitor, valorizando a preservação do significado.

Entendendo que a leitura é individual o educador ajuda o aluno através do diálogo, perguntas e conversas pretendendo incentivar a compreensão e o sentido do texto.

Existem dificuldades reais e até naturais no momento da aprendizagem da criança, mas há também as dificuldades artificiais que são conseqüências da péssima redação dos livros didáticos. Muitos livros possuem grandes dificultadores do processo de compreensão da leitura, como a má estruturação de frases, estruturas sintáticas complexas, alguns tipos de inversões da ordem canônica, ambigüidade de palavras. Estes elementos tornam o processo mais complexo.

Cabe ao professor e à escola, estarem atentos para resolver estes problemas e ajudar no processo de ensino da leitura, escolhendo textos bem redigidos que sejam lidos e compreendidos.

O professor que conhece o processo cognitivo muda o foco do ensino da leitura da escrita para o ato de ler, compreendendo o que se lê.

A escola precisa perceber que a escrita transpôs os livros didáticos, ela está presente em nosso dia a todo instante. Esse mundo de letras que convivemos diariamente é chamado de escrita social. Ela tem várias funções, proporcionando-nos leituras diversificadas.

Nos tempos atuais é preciso que a escola crie várias estratégias para adequar o leitor a cada uma das situações sociais, tornando a flexibilidade de ler uma característica do leitor moderno. Essas estratégias devem atender a variedade de objetivos do leitor de acordo com suas intencionalidades, atento à evolução das modalidades de leitura.

O educador deve incluir em seu planejamento, atividades voltadas para leitura em situações onde a aprendizagem é fundamental, como as leituras necessárias no cotidiano.

Há várias interpretações para um mesmo texto, é preciso respeitar as leituras que cada um faz. Cada leitor constróe sua própria compreensão e a faz utilizando seus conhecimentos prévios sobre o assunto e o seu interesse pelo mesmo, mobilizando dispositivos eficazes, adaptando-os às suas intenções.

O professor e a escola da atualidade devem ser tolerantes com os erros, para facilitar a formação do leitor. Errar é condição para aprender e para aprender a ler. Devem incentivar seus alunos a não pararem diante de um erro, ou de uma palavra desconhecida, mas buscarem adivinhar o sentido, analisando o contexto e continuando a ler o texto. É assim que uma criança aprende a ler.

É lendo que se aprende a ler. A leitura é uma atividade pessoal e secreta. O professor não deve ensinar a ler, porque ler é uma prática. É através da experiência, que a criança vai desenvolvendo as estratégias básicas para o ato da leitura.

As concepções de leitura sobre o texto utilizadas na atual prática escolar precisam ser repensadas. O texto precisa ser usado não apenas para vincular atividades gramaticais, mas como material que faça sentido.

A leitura não pode ser apenas decodificada, o aluno precisa compreender o que lê, entendendo o sentido total do texto.

O processo de avaliação através da leitura inibe a formação do leitor, uma vez que se prende à oralidade e à pronúncia e não à compreensão do texto que é lido.

A escola deve desvincular o processo de leitura do texto em si. O professor precisa ser o mediador entre o aluno e a leitura, adotando-a como um ato flexível, múltiplo, diverso, onde cabem várias interpretações, que vão variar de acordo com conhecimento de quem lê e sua intenção de leitura. Neste processo, o aluno fica livre à interpretação, a errar na tentativa de acertar, entendendo o que lê, deixando de lado a oralização e preocupando-se com a compreensão.

Bibliografia
* BARBOSA, José Juvêncio, Alfabetização e leitura.2 ed.São Paulo: Cortez,1992

* KLEIMAN,Ângela.Oficina de Leitura: Teoria e prática, Campinas, SP:Pontes:Editora da Universidade Estadual de Campinas,1993.

Oficina de Leitura - Teoria & Prática

Livro: Oficina de Leitura – teoria & prática
Autora: Ângela Kleiman
Editora: Pontes – Editora da Unicamp








CAPÍTULO 2
A CONCEPÇÃO ESCOLAR DA LEITURA


POR QUE MEU ALUNO NÃO LÊ?

- Dúvida e queixa da maioria dos professores. Quase todos reclamam que seus alunos não gostam de ler.

- A autora, neste livro, demonstra como a literatura é utilizada nas escolas e como essa maneira afasta, cada vez mais, as crianças do gosto pela leitura.

- A leitura é baseada no desejo. Para formar leitores é necessário paixão pela leitura.

- A leitura tem um lugar cada vez menor no cotidiano do brasileiro.

- “A atividade árida e tortuosa de decifração de palavras que é chamada de leitura em sala de aula, não tem nada a ver com a atividade prazerosa” de ler.

- “Ninguém gosta de fazer aquilo que é difícil demais, nem aquilo do qual não consegue extrair sentido. Essa é uma boa caracterização da tarefa de ler em sala de aula: para uma grande maioria dos alunos ela é difícil demais, justamente porque ela não faz sentido”. Devemos dar sentido á leitura, mostrar onde essa leitura pode ser importante na vida do educando, o que esse saber ou essa “diversão” pode ser aproveitado.

- Kleiman faz duras críticas ao uso da literatura na escola e como o ato de ler é utilizado.

- a atividade árida e tortuosa da decifração de palavras: essa leitura realizada em sala de aula, de letra por letra, decifrando a palavra, não é prazerosa. Não é leitura. Não faz sentido para o educando, não desperta vontade de ler no aluno.

- a leitura é usada para se ensinar português, não para despertar o prazer em ler: isso causa desmotivação no aluno, pois o texto passa a ser objeto de estudo e não de descoberta, imaginação e prazer.


1) O texto como conjunto de elementos gramaticais
“(..) o texto é apenas pretexto para o ensino de regras sintáticas, isto é, para procurar adjetivos, sujeitos ou frases exclamativas”.
Os textos não são compreendidos como falas, opiniões, descrições etc., passam a ser estruturas gramaticais.
Não há o conhecimento do texto como um todo, despertando várias dúvidas nos alunos que não são respondidas pelo texto fragmentado.


2) O texto como repositório de mensagens e informações
“(...) a crença de que o texto é apenas um conjunto de palavras cujos significados devem ser extraídos um por um, para assim, cumulativamente, chegar à mensagem do texto”.
Acredita-se que o leitor deve apenas extrair as informações do texto, que é entendido como um “depósito de informações”.
Esta prática tende a fazer com que a pessoa se torne um leitor passivo, que quando se depara com um trecho que não compreende, não se esforça para tal. Apenas o ignora ou fica numa interpretação inconsistente, colocando a “culpa” na “forma mal escrita”.
Existe a interpretação da palavra, esquecendo-se da interpretação do texto como um todo.


3) A leitura como decodificação
“A atividade compõe-se de uma série de automatismos de identificação e pareamento das palavras do texto com as palavras idênticas numa pergunta ou comentário”.
Essa prática não modifica a visão de mundo do aluno.
Decodifica-se o texto, dividindo-o em palavras ou pequenos trechos, frases, expressões...
Há um descaso com as palavras do autor, com o que o texto queira passar. É feita uma “interpretação decodificada” e a leitura do texto é esquecida.
O texto fica sem sentido de leitura para o educando.


4) A leitura como avaliação

“A prática é justificada porque permitiria ao professor ‘perceber se o aluno está entendendo ou não’”.
Neste tipo de prática, é freqüente que se peça ao aluno para fazer uma leitura em voz alta, fazendo uma cobrança excessiva na entonação das palavras e pontuações.
O aluno tira seu foco no texto e passa a dar importância somente às palavras, separadamente.
A compreensão é prejudicada e a cobrança acaba afetando a autoconfiança dos alunos e outros aspectos afetivos.


5) A integração numa concepção autoritária de leitura
“A união de todos os aspectos que fazem da atividade escolar uma paródia da leitura encontra-se numa concepção de que há apenas uma maneira de abordar o texto, e uma interpretação a ser alcançada”.
A análise dos elementos é o caminho para chegar cada vez mais perto da “interpretação autorizada”. Essa prática reforça a idéia de leitura fragmentada.
A experiência do leitor e o sentido construído por ele não são considerados. É avaliada a proximidade da interpretação feita com a “correta”.
Isso desestimula a leitura, tira o prazer do “desvendar” e descobrir o texto.


CONCEPÇÃO SOBRE OS MÉTODOS

- Os métodos da leitura utilizada na sala de aula, não propicia interação entre alunos e professores. Não se leva em conta se o aluno compreendeu o texto.

- “Sabe-se, pelas pesquisas recentes, que é durante a interação que o leitor mais inexperiente compreende o texto: não é durante a leitura silenciosa, nem durante a leitura em voz alta, mas durante a conversa sobre aspectos relevantes do texto. Muitos aspectos que o aluno sequer percebeu ficam salientes nessa conversa, muitos pontos que ficaram obscuros são iluminados na construção conjunta da compreensão. Não é, contudo, qualquer conversa que serve de suporte temporário para compreender o texto”.

Alfabetização e Leitura




Livro: Alfabetização e Leitura
Autor: José Juvêncio Barbosa
Editora: Cortez Ano: 1992


Nas páginas 84-86 deste livro, Barbosa faz uma análise e relata resultado de estudos da Fisiologia da Visão, pesquisas a respeito do ato físico e cognitivo da leitura.

DE OLHO NO TEXTO

Émile Javal, oftalmologista francês, precursor dos estudos experimentais do processo da leitura, com um simples espelho colocado em ponto estratégico, observou o movimento ocular do leitor no ato de ler, fazendo as seguintes constataçõ movimento ocular do leitor no ato de ler, fazendo as seguintes constataçdo a linha de um texto escrito da esquerda para a direes:

1) Os olhos se movimentam por saltos bruscos, rápidos e precisos, intercalados por pontos de fixação; no percurso entre uma fixação e outra não enxergamos nada; quando estamos imobilizados nos pontos de fixação, é o que os olhos vêem;
2) É o cérebro que comanda os olhos na busca de informação; se o cérebro não sabe o que buscar, os olhos vagueiam ao acaso, fixando-se ora aqui, ora ali;
3) Não é diminuindo o tempo de cada fixação que melhoramos o desempenho do leitor; o segredo é aumentar a quantidade de informação captada pelos olhos;
4) Alguns movimentos de regressão são registrados, seja para identificar palavras pouco familiares, seja para confirmar um significado antecipado;
5) Na comparação entre leitura oral e leitura silenciosa, os experimentos constataram uma eficiência maior na leitura silenciosa, que permite atingir com mais precisão e rapidez os objetivos do leitor.

Esses dados nos levam a refletir sobre a alfabetização nas escolas. As crianças, normalmente, são incentivadas a ler letra por letra, sílaba por sílaba... Este tipo de “cobrança” dificulta a leitura e compreensão, como podemos concluir a partir dos resultados da pesquisa citada.

OLHOS DE CHINÊS

-William Gray analisou 14 línguas representantes dos três tipos de caracteres utilizados atualmente (ideográfico, silábico e alfabético). Os resultados contataram um dado muito importante e surpreendente: “ainda que os caracteres de várias línguas sejam radicalmente diferentes, as estratégias básicas utilizadas pelos leitores são idênticas em todos eles. As conclusões de Javal sobre o movimento dos olhos no ato de ler foram confirmadas”.

-“Pensava-se que a variedade dos idiomas existentes no mundo exigiria uma diversificação dos procedimentos metodológicos para ensinar a ler; a natureza da língua condicionaria a natureza do processo da leitura e, desse modo, os problemas da alfabetização deveriam se resolver de forma independente, de acordo com a língua empregada”.

-O autor desenvolve mais a respeito desse tema. Mostra que “lemos tal qual se lê na China”.

- Jean Foucambert aponta que “a concepção de leitura dominante na pedagogia era determinada pelo objeto sobre o qual se exerce a leitura – a escrita – e não por uma análise do ato de ler”.

- Há uma “assimilação entre aprendizagem da leitura e aprendizagem da língua escrita, devido a uma particularidade específica do sistema alfabético que, diferentemente do sistema ideográfico, permite dois tipos de uso: além de ler, nós podemos ‘dizer’ o sistema alfabético, fato que proporciona uma estratégia muito elementar da leitura”.
Esta informação nos faz raciocinar e preocupar a respeito da “alfabetização” da nossa língua. Muitas crianças aprendem a “decodificar” as letras, mas não lêem as palavras, não sabem o que estão lendo. Na verdade, nem estão lendo, só decodificando mesmo, falando os sons das letras.

Literatura Infantil - Gostosuras e bobices





Texto: Literatura Infantil – Gostosuras e Bobices – Fanny Abramovich – Ed. Scipione
Ouvindo Histórias – Cap. 1



A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS
A autora fala o quanto é importante para a criança ouvir história desde pequena. Afirma que esse “é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...”.

Outros pensamentos abordados por Abramovich:

- Ouvindo histórias as crianças têm a possibilidade de sentir emoções importantes, como tristeza, raiva, irritação, bem-estar, medo, alegria, pavor, insegurança, tranqüilidade dentre outras tantas. Fazendo com que a criança “viva” tudo que a narrativa provoca no ouvinte e no leitor.

- “É através da história que se pode descobrir outros lugares, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser Literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).


COMO CONTAR HISTÓRIAS
- Primeiramente, o narrador deve ter lido o livro escolhido, conhecê-lo, para fazer uma leitura fluente, com o tom de voz certo e pausas nos lugares corretos. Ler antes também evita que temas ou palavras e expressões que não eram esperadas (e que podem causar polêmica) sejam encontrado e abordados.

- “O narrador deve transmitir confiança, motivar a atenção e despertar admiração. Tem que conduzir a situação como se fosse uma virtuose que sabe seu texto, que o tem memorizado, que pode permitir-se ao luxo de fazer variações sobre o tema” (ELIGAZARAY, Alga Mariña. El poder de la literatura para niños y jovens. Havana., Letras Cubanas).

- Pode-se contar qualquer história para a criança, qualquer tipo (narrativa, poética etc.) desde que o contador a conheça bem.


APROVEITAR O TEXTO
- o contador deve aproveitar o texto de todas as maneiras possíveis. Explorara cada possibilidade de interpretação, dar o ritmo que cada narrativa pede, fazer com que as crianças “entrem no clima” e fiquem mais e mais interessadas.

- Deve-se assegurar a atenção do ouvinte desde o início, pois o interesse provavelmente não surgirá no finalzinho ou na metade da história.

CONTAR HISTÓRIAS... SÓ PARA QUEM NÃO SABE LER?

- Não, não e não! Adultos, crianças de todas as idades adoram ouvir histórias, reais, imaginárias ou literárias!

-“Ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo (a mesma história ou outra)”.

- “Tudo pode nascer de um texto”.