domingo, 2 de dezembro de 2007

Alfabetização e Leitura




Livro: Alfabetização e Leitura
Autor: José Juvêncio Barbosa
Editora: Cortez Ano: 1992


Nas páginas 84-86 deste livro, Barbosa faz uma análise e relata resultado de estudos da Fisiologia da Visão, pesquisas a respeito do ato físico e cognitivo da leitura.

DE OLHO NO TEXTO

Émile Javal, oftalmologista francês, precursor dos estudos experimentais do processo da leitura, com um simples espelho colocado em ponto estratégico, observou o movimento ocular do leitor no ato de ler, fazendo as seguintes constataçõ movimento ocular do leitor no ato de ler, fazendo as seguintes constataçdo a linha de um texto escrito da esquerda para a direes:

1) Os olhos se movimentam por saltos bruscos, rápidos e precisos, intercalados por pontos de fixação; no percurso entre uma fixação e outra não enxergamos nada; quando estamos imobilizados nos pontos de fixação, é o que os olhos vêem;
2) É o cérebro que comanda os olhos na busca de informação; se o cérebro não sabe o que buscar, os olhos vagueiam ao acaso, fixando-se ora aqui, ora ali;
3) Não é diminuindo o tempo de cada fixação que melhoramos o desempenho do leitor; o segredo é aumentar a quantidade de informação captada pelos olhos;
4) Alguns movimentos de regressão são registrados, seja para identificar palavras pouco familiares, seja para confirmar um significado antecipado;
5) Na comparação entre leitura oral e leitura silenciosa, os experimentos constataram uma eficiência maior na leitura silenciosa, que permite atingir com mais precisão e rapidez os objetivos do leitor.

Esses dados nos levam a refletir sobre a alfabetização nas escolas. As crianças, normalmente, são incentivadas a ler letra por letra, sílaba por sílaba... Este tipo de “cobrança” dificulta a leitura e compreensão, como podemos concluir a partir dos resultados da pesquisa citada.

OLHOS DE CHINÊS

-William Gray analisou 14 línguas representantes dos três tipos de caracteres utilizados atualmente (ideográfico, silábico e alfabético). Os resultados contataram um dado muito importante e surpreendente: “ainda que os caracteres de várias línguas sejam radicalmente diferentes, as estratégias básicas utilizadas pelos leitores são idênticas em todos eles. As conclusões de Javal sobre o movimento dos olhos no ato de ler foram confirmadas”.

-“Pensava-se que a variedade dos idiomas existentes no mundo exigiria uma diversificação dos procedimentos metodológicos para ensinar a ler; a natureza da língua condicionaria a natureza do processo da leitura e, desse modo, os problemas da alfabetização deveriam se resolver de forma independente, de acordo com a língua empregada”.

-O autor desenvolve mais a respeito desse tema. Mostra que “lemos tal qual se lê na China”.

- Jean Foucambert aponta que “a concepção de leitura dominante na pedagogia era determinada pelo objeto sobre o qual se exerce a leitura – a escrita – e não por uma análise do ato de ler”.

- Há uma “assimilação entre aprendizagem da leitura e aprendizagem da língua escrita, devido a uma particularidade específica do sistema alfabético que, diferentemente do sistema ideográfico, permite dois tipos de uso: além de ler, nós podemos ‘dizer’ o sistema alfabético, fato que proporciona uma estratégia muito elementar da leitura”.
Esta informação nos faz raciocinar e preocupar a respeito da “alfabetização” da nossa língua. Muitas crianças aprendem a “decodificar” as letras, mas não lêem as palavras, não sabem o que estão lendo. Na verdade, nem estão lendo, só decodificando mesmo, falando os sons das letras.

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